segunda-feira, 3 de agosto de 2015




CASO "MÃOS AMARRADAS"


Nessa última fase, após os consertos e enxertos, todas as folhas dos seis processos foram planificadas em prensas por no mínimo setenta e duas horas. Em seguida foram organizadas e embaladas em caixas confeccionadas com papel restauração Filifold Documenta na cor palha, 300g/m2. 

Todos os objetivos foram atingidos, as folhas restauradas e em condições de manuseio, digitalização e pesquisa.

Executamos essa tarefa dentro do prazo prefixado de 60 dias.

Os seis processos estão acondicionados em caixas individuais, livres do acesso dos micro-organismo, poeira e luz.











 

segunda-feira, 6 de julho de 2015

CASO "MÃOS AMARRADAS"


Encerrada a higienização e o tratamento iniciamos os consertos dos rasgos e cortes. Utilizamos papel japonês  Washi -  Gampi Tissue 11 g/m2 para os consertos, Whenzou para os enxertos, e Kozo Kadaura para enxerto nas capas dos processos.

Como o papel esteve durante muito tempo em um ambiente úmido e os fungos agiram com muita intensidade foi necessário um trabalho muito cuidadoso e profundo de restauração. Inúmeras folhas estavam coladas e com o suporte bastante enfraquecido. As tintas, algumas ferrogálicas, agiram e provocaram corrosão nas folhas. 
Utilizamos em alguns casos a técnica de velatura para acrescentarmos um novo suporte ao documento muito fragilizado.
As folhas, após os consertos, secaram naturalmente em ambiente controlado por um aparelho desumidificador mantendo a umidade em 50% e temperatura de 18 graus, evitando assim proliferação de fungos. 

Após as fotos acrescentamos algumas informações sobre o papel Washi.







O papel japonês Waski


É um papel muito especial e de alta resistência, feito a partir de fibras dos arbustos KOZO, GAMPI e MITSUMATA e cuja produção continua atualmente utilizando as mesmas técnicas japonesas milenares.

O que diferencia o papel Washi dos papéis convencionais?

Atualmente, a maioria dos papéis que vemos são produzidos industrialmente, tais como os papéis usados em jornais, revistas, livros, cadernos, como embalagens, entre outros.
São produzidos em larga escala por máquinas automatizadas, e apropriados para o consumo em massa, quando a quantidade é o fator mais importante.
Já o papel Washi é feito artesanalmente, um a um, por mãos habilidosas e que utilizam técnicas antigas e especiais, produzindo um papel único, de grande resistência e com incríveis características.
Em seu processo de fabricação são utilizadas matérias-primas também especiais, tais como as fibras das plantas Kozo, Mitsumata e Gampi, que permitem a produção de papéis dos mais diferentes tipos e para as mais variadas aplicações.
Considerado tesouro nacional no Japão, o papel Washi é, por si só, uma verdadeira obra de arte.

Força e durabilidade

Duas das maiores características que tornam o papel Washi único e especial são sua força e durabilidade.
Estas características são possíveis graças à utilização de plantas de fibras longas, ao invés da matéria vegetal derivada da madeira, tão comumente utilizada nos papéis convencionais.
A matéria vegetal empregada nos papéis convencionais possui componentes químicos que os tornam pouco resistentes à água, humidade e à luz, deteriorando-se ou perdendo sua pigmentação com o passar dos anos. Processos químicos complementares tentam diminuir este problema, mas não o eliminam.
Já as fibras longas de plantas empregadas na fabricação do papel Washi possuem características naturais que diminuem drasticamente a ação do tempo e de outros agentes externos, aumentando seu poder de conservação e mantendo sua resistência e aparência por prazos indeterminados...





terça-feira, 23 de junho de 2015

CASO "MÃOS AMARRADAS"


Encerrada a fase da higienização mecânica iniciamos o tratamento.

Removida todas as colônias, com o uso de um pincel com cerdas macias e de uma flanela, inciamos o tratamento tópico com  álcool etílico a 70% (aproximadamente duas partes de álcool para uma de água). As folhas secaram rapidamente e iniciamos a restauração.




Testamos as tintas e carimbos. Muitas folhas estavam com as assinaturas borradas. Nesse caso tivemos que tratar a seco e isolar a tinta sempre que necessário.














Desacidificamos utilizando  uma solução de hidróxido de cálcio e carbóxi metil celulose onde permitido e necessário.










quarta-feira, 10 de junho de 2015

CASO "MÃOS AMARRADAS"


Após recebermos os documentos a primeira providência foi fotografar e fazer todos os registros e observações na ficha de identificação que cada documento tratado, aqui em nossa oficina, possui.

Em seguida iniciamos o processo de HIGIENIZAÇÃO MECÂNICA.
Cada folha foi higienizada com pincel de cerdas macias e borracha ralada, quando o estado do documento permitia tal intervenção.
Removemos todos as partes estranhas a cada documento.
Encontramos folhas coladas, muita umidade, papel com adiantado estado de deterioração.
Observamos esporos e colônia de fungos de várias espécies.**

Sabemos que dentre estes fungos estão aqueles capazes de digerir a celulose do papel. Em condições adequadas de temperatura e umidade do ar, se um único esporo precipita-se sobre uma folha de papel, rapidamente dar-se-á a formação de colônias e a produção de milhões de novos esporos.
No caso dessa documentação eles se organizam em colônias de tal forma que podem ser vistos a olho nu.

**   "Esporos são pequenas partículas arredondadas produzidas aos milhões pelas colonias e liberadas no ambiente, onde permanecem em suspensão durante dias, meses e até anos, até que encontrem um suporte favorável ao seu desenvolvimento." Noções sobre Biodeterioração em Acervos Bibliográficos e Documentais" STJ











quarta-feira, 3 de junho de 2015


“O CASO DAS MÃOS AMARRADAS”

No último dia 20 de maio recebemos para restauração, do Memorial do Judiciário do Rio Grande do Sul, seis processos históricos, referentes ao CASO DAS MÃOS AMARRADAS.
Documentos que foram danificados por acidente com água já há mais de uma década.
Transcrevemos alguns comentários de jornalistas sobre esse processo que foram publicados em jornais e revistas de grande circulação no ano de 2012.
Mas aqui nos cabe relatar os procedimentos que estão sendo adotados para a restauração e conservação das 1.200 folhas dessa documentação.
Nossa pretensão é semanalmente, nesse blog, comentarmos e postarmos algumas fotos do andamento do processo de recuperação. 




“O CASO DAS MÃOS AMARRADAS”, PRISÃO E MORTE DE UM SARGENTO NACIONALISTA
Trata-se de um episódio ocorrido em Porto Alegre (RS) no ano de 1966. O personagem principal é Sargento Manoel Raimundo Soares, um dos lideres de um “Movimento Legalista”, que queria restituir o cargo ao presidente João Goulart, deposto pelos militares. Acusado de subversão, Raimundo fugiu do Rio de Janeiro para tentar escapar da prisão e da conseqüente tortura – e passou a viver na clandestinidade. Em março de 1966, foi preso pela Polícia do Exército em frente ao Auditório Araújo Viana, em Porto Alegre e levado para o DOPS, onde foi torturado por cerca de uma semana. Posteriormente foi transferido para a Ilha Presídio, no Rio Guaíba. No dia 13 de agosto, foi novamente levado para o DOPS. Aí seguiu torturado, desconhecendo-se a data exata da morte. O corpo foi encontrado no dia 24 de agosto


"CASO DAS MÃOS AMARRADAS"
Ricardo Setti
Revista Veja - 19/06/2012

O “Caso das Mãos Amarradas” ficou ali, boiando no medo viscoso de alguns, constrangendo a inércia de muitos, incomodando a consciência de todos. Apesar dos 20 nomes envolvidos na prisão, tortura e morte de Soares – 10 sargentos, 3 delegados, 2 comissários, 2 tenentes, 1 guarda-civil, 1 major e 1 tenente-coronel do Exército –, o IPM foi arquivado sem que ninguém fosse denunciado. No último dia 26 de agosto, aniversário de sua morte, o sargento Soares foi lembrado em Porto Alegre com a inauguração de um monumento em um parque às margens do Guaíba de onde seu cadáver emergiu para a história.
A viúva, dona Elizabeth, abriu um processo em 1973 contra a União pedindo indenização por danos morais. Sucessivamente, nos últimos 16 anos de presidência dos democratas Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, a União recorria teimosamente da sentença para defender os assassinos da ditadura. Dona Elizabeth morreu no Rio de Janeiro em 2009, aos 72 anos, com as mãos amarradas pela impunidade e o coração sangrado pela amargura – ainda sem saber o nome dos assassinos do marido, sem ser indenizada pelo Estado que o matou, sem ver a homenagem tardia ao sargento, trucidado aos 30 anos de idade.




segunda-feira, 13 de abril de 2015

PROGRAMAÇÃO DE CURSOS - 2015


Mais do que transmitir o nosso conhecimento, nossa meta é oferecer cursos customizados para atender às suas necessidades, com conteúdos exclusivos.

Conteúdos:

§  RESTAURAÇÃO DE LIVROS
§  RESTAURAÇÃO DE DOCUMENTOS
§  CONSERVAÇÃO DE FOTOGRAFIAS
§  RESTAURAÇÃO DE LIVROS – ênfase em Bibliotecas Escolares
§  ENCADERNAÇÃO DE LIVROS – clássica, couro, artística
§  ENCADERNAÇÃO E COSTURAS MODERNAS DE LIVROS EM BRANCO - codéx, concertinas, costuras aparentes e outras.
§  ÁLBUNS DE FOTOGRAFIAS COM CAIXA PROTETORA
§  EMBALAGENS FOTOGRÁFICAS COM QUALIDAE ARQUIVÍSTICA
§  EMBALAGENS DE DOCUMENTOS E LIVROS COM QUALIDADE ARQUIVÍSTICA
§  CARTONAGEM – confecção de diversos intens como carteiras, caixas, risque e rabisque e muitos outros produtos.
§  PROJETOS ESPECIAS EM CARTONAGEM – desenvolvimento segundo a necessidade do cliente.

Investimento:

§  Cursos com quarenta (40) horas de duração :  R$ 1.800 à vista ou R$ 2.000 em até quatro vezes.
§  Aulas avulsas :
            R$ 180 – 4 horas de aula
R$ 240 – desenvolvimento de uma técnica de trabalho até a conclusão         

Local, dias e horários:

Rua Olavo Bilac n° 586
5ª e 6ª feiras pela manhã e a tarde  
Horário : 9 :00 às 12 :00 horas e das 14 :00 às 18 :00 horas

Limite de inscrições :

Inscrevemos o máximo de 4 alunos por turma.
Todo o material necessário para execução das aulas será fornecido pela B&C Acervos, bem como os endereços dos fornecedores e apostila com as técnicas ensinadas.
Certificados com o mínimo de 75% de presença.                        

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Ouça a reportagem sobre a B&C Acervos no programa "Porto Alegre, quem diria" na BAND News FM



ATELIER ABERTO PARA RESTAURAR LIVROS E DOCUMENTOS

Não sem razão, muitas pessoas reclamam do pouco valor que Porto Alegre dá a seus prédios históricos – eu mesma lamento não ter conhecido a antiga Igreja do Menino Deus, plantada ao pé da avenida. Talvez a culpa seja da imaturidade do país, tão jovem se comparado aos do Velho Mundo, onde já deu tempo de perceber que o passado ajuda a fazer o presente. Ou da gente mesmo, que desdenha até o próprio rastro. Ao ponto de deixar à mercê dos anos nossos livros de família. E até jogar no lixo aqueles que, teoricamente, trariam histórias ou conhecimentos ultrapassados.

Pra quem não se enxerga na descrição e aprecia a simples visão de uma biblioteca, a coluna dá a dica da B&C Acervos, que descobrimos do jeito mais interessante de todos: caminhando pelas ruas.

Diferente da concorrência, o negócio especializado em conservar, restaurar e encadernar livros e documentos é um atelier aberto – ou quase. Através da fachada de vidro, dá para enxergar Elisabeth Brochier debruçada sobre a mesa, trabalhando com seus pergaminhos, escovas, couros, lombadas, colas, tira-cola, fios, lâminas de ouro, pincéis e papéis. Lá no fundo, a irmã Odete desmontando páginas e tirando pó por centímetro. E ao lado, além de várias prensas de ferro, um painel cheio de ferramentas.

“Tenho clientes institucionais, bibliófilos e sentimentais”, me disse Elisabeth, enquanto falava dos bilhetes, flores, notas fiscais e fotos que encontra entre as folhas. E das raridades que ajudou a recuperar. A mais antiga, editada em 1580. E entre as mais amadas, o livro de arquitetura que pertence ao Mestre de Obras da construção ao lado. É tanto carinho pelo volume de 1951 que sua vida nova será paga em 9 parcelas de 20 reais.





Fonte: http://www.portoalegrequemdiria.com.br/2014/07/14/atelier-aberto-de-restauracao-de-livros-e-documentos/