quarta-feira, 3 de junho de 2015


“O CASO DAS MÃOS AMARRADAS”

No último dia 20 de maio recebemos para restauração, do Memorial do Judiciário do Rio Grande do Sul, seis processos históricos, referentes ao CASO DAS MÃOS AMARRADAS.
Documentos que foram danificados por acidente com água já há mais de uma década.
Transcrevemos alguns comentários de jornalistas sobre esse processo que foram publicados em jornais e revistas de grande circulação no ano de 2012.
Mas aqui nos cabe relatar os procedimentos que estão sendo adotados para a restauração e conservação das 1.200 folhas dessa documentação.
Nossa pretensão é semanalmente, nesse blog, comentarmos e postarmos algumas fotos do andamento do processo de recuperação. 




“O CASO DAS MÃOS AMARRADAS”, PRISÃO E MORTE DE UM SARGENTO NACIONALISTA
Trata-se de um episódio ocorrido em Porto Alegre (RS) no ano de 1966. O personagem principal é Sargento Manoel Raimundo Soares, um dos lideres de um “Movimento Legalista”, que queria restituir o cargo ao presidente João Goulart, deposto pelos militares. Acusado de subversão, Raimundo fugiu do Rio de Janeiro para tentar escapar da prisão e da conseqüente tortura – e passou a viver na clandestinidade. Em março de 1966, foi preso pela Polícia do Exército em frente ao Auditório Araújo Viana, em Porto Alegre e levado para o DOPS, onde foi torturado por cerca de uma semana. Posteriormente foi transferido para a Ilha Presídio, no Rio Guaíba. No dia 13 de agosto, foi novamente levado para o DOPS. Aí seguiu torturado, desconhecendo-se a data exata da morte. O corpo foi encontrado no dia 24 de agosto


"CASO DAS MÃOS AMARRADAS"
Ricardo Setti
Revista Veja - 19/06/2012

O “Caso das Mãos Amarradas” ficou ali, boiando no medo viscoso de alguns, constrangendo a inércia de muitos, incomodando a consciência de todos. Apesar dos 20 nomes envolvidos na prisão, tortura e morte de Soares – 10 sargentos, 3 delegados, 2 comissários, 2 tenentes, 1 guarda-civil, 1 major e 1 tenente-coronel do Exército –, o IPM foi arquivado sem que ninguém fosse denunciado. No último dia 26 de agosto, aniversário de sua morte, o sargento Soares foi lembrado em Porto Alegre com a inauguração de um monumento em um parque às margens do Guaíba de onde seu cadáver emergiu para a história.
A viúva, dona Elizabeth, abriu um processo em 1973 contra a União pedindo indenização por danos morais. Sucessivamente, nos últimos 16 anos de presidência dos democratas Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, a União recorria teimosamente da sentença para defender os assassinos da ditadura. Dona Elizabeth morreu no Rio de Janeiro em 2009, aos 72 anos, com as mãos amarradas pela impunidade e o coração sangrado pela amargura – ainda sem saber o nome dos assassinos do marido, sem ser indenizada pelo Estado que o matou, sem ver a homenagem tardia ao sargento, trucidado aos 30 anos de idade.




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